Projeto Mulheres

Projeto Mulheres

sexta-feira, 16 de março de 2012

E tudo o que eu quero é namorar

Como falei alguns posts atrás, o assunto que deu abertura ao nosso estudo foi perguntar as entrevistadas do Projeto Mulheres Brasil, qual seria o sonho pedido a uma fada madrinha. Para enriquecer nossa pergunta, utilizamos o Material Behavior de Projetivas, uma seleção de imagens baseada em papéis sociais. A maioria das imagens escolhida mostravam o pedido em se converter na mulher que a mídia, e nós, estabelecemos como símbolo representante da mulher contemporânea feliz: bem arrumada e maquiada, bonita com um corpo firme e delgado, ativa e poderosa. Ao observar o quadro que as imagens formavam conseguimos ver essa mulher com ares auto-suficiente, e, quem sabe por isso, se apresentando só.

A segunda opção mais pedida era uma mulher dividida em mais dimensões  de interesse: amor, profissão, vida saudável, família... Eram dois quadros claros e distintos que apresentavam duas mulheres com visões de vida e objetivos diferentes. Compreendemos, então, que agrupadas pelo sonho da vida ideal, tínhamos dois grandes grupos de mulheres.

Quando olhamos melhor para o conjunto de imagens escolhido por todas, tal qual um taró, surgiu uma outra imagem, menos óbvia, mas que estava latente nesse baralho de imagens: o desejo de viver uma relação romântica.

O que representa todo o símbolo da 'Relação Romântica' varia, claro, de acordo à visão de mundo de cada uma, mas esse desejo unia as entrevistadas que comportamentalmente, poderiam parecer pessoas de planetas diferentes.

Para mim, especialmente, foi uma surpresa entender que andamos tanto na nossa independência e mesmo assim parece que tudo o que mais queremos, ainda hoje, é namorar, amar e ser amadas, ter um companheiro.

O que representa o símbolo da 'Relação Romântica', foi, sem dúvida, o maior eixo analítico que permeou o Projeto Mulheres Brasil. Sob essa lente conseguimos compreender muitas escolhas, decisões, atitudes e comportamentos, mesmo de mulheres de 'planetas' diferentes. Entender porque ainda é tão relevante na vida das mulheres. Porque o caminho só, quando é uma opção, parece muitas vezes, ser uma falta de opção.

Dois anos depois do Projeto Mulheres Brasil ter começado, fica mais claro para mim hoje, quando leio e vejo todas essa tendências de moda, comportamentos, fatos que acontecem e gosto de acompanhar, o que está por trás. Como esse símbolo 'relação romântica', tal qual uma mola propulsora nos move, e vamos dizer a verdade, há muitos e muitos milênios. 

No fim, como mulheres e como humanidade, tivemos que dar essa volta toda, quebrar todas as barreiras, queimar todos os sotiens, físicos e imaginários, para, aos poucos, compreender e aceitar, que, nosso grande sonho ainda é viver uma linda história de amor.

quinta-feira, 8 de março de 2012

Mulheres ou Energia Feminina?





Particularmente não gosto de sexismos nem nada que exalte as diferenças e, assim querendo ou não, alimenta a escala hierárquica de melhor ou superior; por isso hoje, sendo o Dia Internacional da Mulher fiquei pensando sobre a importância dessa data nas pessoas. O que realmente ela representa? como ela mexe com as mulheres e os homens?

Do meu professor de ioga veio algo maravilhoso - à Saudação à Lua - que não conhecia e ativou em mim o sentimento de humildade. Do Boechat veio o resgate real - e o Projeto Mulheres e o Projeto Homens tão bem mostraram - de quem mais ganhou espaço e poder nos últimos 100 anos - até por estar como lanterninha. Ele usou a vestimenta como exemplo e lembrou como a mulher conseguiu se libertar de vestimentas opressoras - como o espartilho - entanto o homem ainda usa, e muito, sapato com meia neste país cada vez mais tropical. Embora, devo dizer para ser justa, que existam cada vez mais homens  usando tênis, e tudo o que representa, como nos traz a revista eletrônica estilotênis.

Do Facebook vieram diversos post comemorativos: músicas dedicadas, imagens, poemas, flores virtuais. Até de minha mãe veio o "parabéns filha". Cada um a sua maneira é atingido pelo Dia Internacional da Mulher. Para boa parte, creio eu, serve para reforçar uma crença; para outros serve para repetir palavras ou gestos no automático para ser politicamente correto; e para alguns, sem dúvida, serve para refletir; que para mim, é o principal motivo dessas datas todas existirem. De uma forma ou de outra, traz o tema à mesa. E ai, como sempre, cada um o aproveita a sua maneira. Viva o livre arbítrio, sempre.

Pois bem, minha reflexão hoje não é sobre a mulher mais sobre o feminino, embora seja ela, a mulher, que hoje o representa, especialmente na nossa cultura ocidental. Para continuar com minha reflexão gostaria de me afastar de formas e gêneros e me ater a aquilo que venho aprendendo nas últimas décadas: a energia feminina presente em todos os seres humanos. Essa energia acolhedora, geradora que é capaz de engravidar - fisicamente ou não - e gestar nosso futuro. Essa energia que para se manter forte precisa estar cada vez mais com os pés no chão, o coração para frente e a cabeça nos céus, porque faz a conexão entre os mundos de cima e de abaixo, interno e externo, conhecido e desconhecido. 

Essa energia que segue um ritmo interno que parece não ter fim, que ora, tal qual um rio caudaloso, serpenteia delicadamente as margens, ou ora desce abruptamente levando consigo tudo o que estiver na frente. Tentar represar esse rio só machuca a alma, tentar traduzi-lo racionalmente só limita, aquilo que não é possível de ser compreendido pelo lado esquerdo do cérebro. Para compreender a energia feminina é necessário abrir mão do conhecimento cognitivo. É experimentar e se deixar levar, para depois sim, usar seu partner de milênios: a energia masculina, e decodificar para agir. Sabendo sempre que nessa decodificação há uma seleção e portanto uma perda. Mas sem prejuízo porque o que decodificamos é o que temos capacidade de assimilar naquele momento. O que ficou, está lá, latejando dentro de nós prestes a nos inundar de forma avassaladora quando menos esperamos.

Fazer as pazes com esse aspecto do feminino - a 'devoradora de homens' como foi chamada por milênio - acredito que nos ajuda a sermos mais saudáveis. Nós mulheres, também precisamos fazer as pazes com esse feminino. Parar de ter pudor - e medo - em tomar consciência dessa força toda, sair do armário literalmente. Assim deixaremos de ser  arrogantes e prepotentes com nossas qualidades femininas tão exaltadas hoje em dia ou o oposto, frágeis e medrosas, por estarmos animicamente anêmicas ao cortarmos o fluxo desse rio que, tal qual o sangue, nos traz o fluxo da vida. 

Os homens precisam parar se temer o feminino que está neles e os torna intuitivos e pouco racionais porém muito mais sábios, conhecedores do que se é. E sobretudo, parar de ter medo do feminino nas suas mulheres. O mito de devoradora de homens existe, e como todo mito, é um pouco verdade, é um pouco mentira, mas ele se torna mais verdade quanto mais se nega ele, porque é na negação que ele ganha poder.

Não interessa o sexo, muito menos a opção sexual, essa energia está presente em cada um dos seres humanos vivos e é a ela que eu dedico minha reflexão, minha honra e meu pedido de hoje ao Universo: que todos nós possamos, cada vez mais, honrar esse feminino dentro de nós.